domingo, 20 de julho de 2008

Lembrei-me de ti...




Não sei se sabes mas ontem lembrei-me de ti. É claro que não sabes, não faz parte da tua existência.
Recordei-me de como tu eras, eterna criança solitária, gostavas de brincar, e fazias muitas perguntas. Do teu ser faltava a coerência e muitas vezes, da tua boca, as palavras.
Era a tua biologia, eu sei. Não poderei julgar-te. Aliás, já ninguém pode,nunca mais.
Agora já não brincas, nem és solitário, ou talvez ainda o sejas e o teu ser, existirá, com certeza, mas não como estávamos habituados. Tinham-te como eterno, eu sei, talvez seja por isso que não havia olhos cintilantes nem sorrisos rasgados quando a tua presença era um facto.
Tu não te importavas, creio que nem te apercebias. Tinhas o teu mundo e eras o mais forte nele existente. E eras ! E não só nesse mundo, sabias?
Não, não sabias. Nunca to disse. Porque haveria de dizer? Sou crescida possas! E tu, tu que eu amava, eras uma criança de 5 anos.
Além disso, que diferença faria? Não abandonavas o mundo por isso ?
Fazia pois !Agora sei, fazia toda a diferença !




«Estala coração de vidro Pintado !»

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Semeei e Reguei ...


Sinto raiva de mim e do mundo por me deixar engolir por ele. Sinto que ele não me amou nem foi compreensivo comigo. Sinto que tudo o que construí foi um muro à minha volta e que agora deitaram esse muro abaixo, com mentiras que se tornaram aprentes verdades. Esse muro foi construído em vão. Tudo o que semeei e reguei com todo o amor não aceita que diga que os frutos não são sumarentos, que a verdadeira culpa é do agricultor.

A perfeita ignorância do que reguei destruiu os frutos, o agricultor e ainda o muro. Eu larguei a inchada. Já estou velha e gasta, tudo porque me armei em agricultor...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Menina




Olhando a janela procuro algo, não sei o quê,mas algo me irá chamar a atenção, neste mundo, cheio de olhares,o lhares infelizes, olhares raivosos...
Procuro não sei o quê, com o stress e a confusão solto um grito, mas olhando a minha volta percebo que foi um grito silencioso, um grito abafado, já nem força para gritar tenho..
Ninguém dá por mim, à minha volta está tudo normal, não há vidros partidos nem tão pouco vidros intactos, perfeito !!!
Vai tudo na sua vida, multidão em multidão e não…ninguém dá por mim mesmo...mas agora reparei, está uma menina sentada debaixo de uma árvore. Está só! Diz que procura algo. Aproximei-me para escutar melhor o que ela dizia: - procurava algo importante mas não sabia o quê! Falou em amizade,em procura amizade, que procura e não encontra.
Em amor, que o procura mas ele não aparece.
Em respeito, que o procura mas não o vê.
Em felicidade,que a procura mas nem sabe se existe!
Delirei com isto e disse a menina:
-Mas como podes tu procurar o que quer que seja? se estas ai sentada sozinha?
Procuras amizade, mas estas ai sentada sozinha,nao te aproximas de ninguem para construir essa amizade!
Procuras amor,mas mais uma vez estas ai só e triste e o amor não cai do céu, mais uma vez constrói-se...
(...)
No fim de dizer tudo isto a menina,eu reconheci-a...de facto reconheci a menina!!!

Essa menina era EU!




quinta-feira, 3 de julho de 2008

Dilaceramento do Ego...




Aprendi por fim a ignorar.
A estabelecer que nada me afecta.
A desejar que nada me mate.
A perder a vontade própria e fazer o que tu queres. Ser Humilde como sempre dizias.
Já não barafusto quando ouço ‘Não’.
A minha alma é agora invisível pois segue o mandamento dos “outros” e perde a capacidade pessoal de querer algo.
Agora as palavras ditas rudemente por ti já não arranham, não massacram, não sobram, nem faltam.
O teu puro egoísmo é inexistente para ti! Para ti que te afirmas perante Deus, rezas e fazes promessas se for preciso.(...)
Eu diria que foi a tua incapacidade de entrega. Mas se te disser isto acabaremos por gritar um com o outro, e depois cada um de nós dirá frases terríveis em que não acredita só para experimentar o seu poder de mágoa sobre o outro, e como aos filhos nada admites, nem a capacidade de opinar, enxergas essa tua mão calejada no meu rosto até ficar a marca de sangue derramado!
Fazes isso quando perdes a razão e a capacidade de argumentar. Sempre foi assim.(...)
A ti não se pode duvidar das palavras, actos ou omissões. Já que dos pensamentos não tenho eu conhecimento.